Brazilian choreographer, researcher and performer Marcelo Evelin is a prominent name in the field of contemporary dance. His latest creation came into being in a former warehouse in his hometown, Teresina, which he uses as his artistic workplace. Raw and unpolished, the space reflects the city and the surrounding country, where everyday lives run up against powerful political tensions and a growing intolerance towards minorities and artists. lt is in this context that Evelin created A invenção da maldade (The invention of evilness), in which six dancers give expression to a primal fury, an innocence that does not recognize its own fierceness. To do so they leave their inner world, their bodies engaging in hyper-physical actions.
They create a battlefield at whose centre the spectators find themselves. This corporal revolt is the physical confirmation of something ungraspable, comparable with a sleeping arm that has to be shaken back to life violently.
In Brussels, the industrial site of Kanal -Centre Pompidou will form the setting for this unique project.
Chorégraphe, chercheur et performeur brésilien, Marcelo Evelin compte parmi les figures les plus influentes de la dense contemporaine. II revient au festival avec one nouvelle pièce créée à Teresina, sa ville natale, dans l'entrepôt qui sent aujourd'hui de lieu de travail à la compagnie. Dans cet espace, je béton et les muns bruts reflètent la violence de la vie urbaine environnante. Dedans comme dehors, les corps sort traversés quotidiennement par la précarité, les tensions politiques et l'intolérance croissante envers les minorités et les artistes du pays.
C'est dans ce contexts inquiétant que Marcelo Evelin donne forms à A invenção da maldade (l'invention du mal). Avec une innocence féroce, six performeurs s'abandonnent aux forces d'un mal archaïque et primitive. lls quittent leur intériorité, transgressent les frontières de leur propre corps et se laissent transporter par une hyper-physicalité ravageante. Pris au milieu de ce champ de bataille, le spectateur n'a d'autre choix que d'assister à la manifestation physique de ce qui demeure sinon intangible et refoulé dans l'obscurité. Avec A invencão da maldade, Evelin ranime les forces vitales de l'altérité et lance une résponse à l'appel alarmant du mal.
A Bruxelles, c'est dans les espaces industriels de Kanal - Centre Pompidou qu'il fomentera cette nouvelle insurrection des corps.
Marcelo Evelin is als Braziliaanse choreograaf, onderzoeker en performer een vooraanstaande naam in de hedendaagse dans. Zijn nieuwste creatie kwam tot stand in een voormaIige opslagplaats in zijn geboortestad Teresina die fungeert als artistieke werkplaats. De ruimte is rauw, ongepolijst en weerspiegelt de stad en het omliggende land, waar dagelijkse levens doorkruist worden door sterke politieke spanningen en toenemende intolerantie jegens minderheden en kunstenaars. In deze context creëerde Evelin A invenção da maldade (De uitvinding van het kwade) waarin zes dansers uitdrukking geven aan een primale kwaadheid, een onschuld die haar eigen hevigheid niet kent. Hiervoor verlaten ze hun innerlijke wereld en gaan hun lichamen over tot hyperfysieke acties. Ze scheppen een strijdveld waar je als toeschouwer middenin komt te staan. Deze oproer van lichamelijkheid is de fysieke bevestiging van iets ongrijpbaars, vergelijkbaar met een slapende arm die met geweld weer in leven moet worden geschud. In Brussel vormen de industriële ruimtes van Kanal - Centre Pompidou het decor voor dit unieke Project.
*A Invenção da Maldade*
Uma peça de Marcelo Evelin/Demolition Incorporada
Conceito e Coreografia: Marcelo Evelin
Criação e performance: Bruno Moreno, Elliot Dehaspe, Maja Grzeczka, Márcio Nonato, Matteo Bifulco, Rosângela Sulidade e Sho Takiguchi
Design de Som e Direção Técnica: Sho Takiguchi
Dramaturgia: Carolina Mendonça
Colaboração de pesquisa em filosofia: Jonas Schnor
Colaboração: Christine Greiner and Loes Van der Pligt
Artista Cerâmico-sinos: Yu Kanai
Fotografia e vídeo: Maurício Pokemon
Direção de produção: Regina Veloso/Demolition Incorporada (Br) and Sofia Matos/Materiais Diversos (Pt)
Assistência de produção: Gui Fontineles
Assistência administrativa: Humilde Alves
Colaboração em Comunicação: Luri Almeida e Onildo Filho
Design Gráfico: Diogo Braga
Produção-touring: Andrez Guizze + Regina Veloso
Agenciamento e distribuição: CAMPO + Materiais Diversos
Co-produção: HAU – Hebbel Am Ufer (De), Festival d'Automne à Paris / CND - Centre National de la Danse (Fr), Mousonturm (De), Kunstenfestivaldesarts (Be) and Teatro Municipal do Porto (Pt) Apoio - Rumos Itaú Cultural 2017-2018 (Br), MIME School - Academy of Theatre and Dance (Amsterdam, Nl) e Xing/Live Arts Week (It)
Criação em residência no CAMPO Arte Contemporânea, Teresina-Piauí-Brasil
A Invenção da Maldade
Eu não estou mais lá. Mas o espaço ainda está vivo no meu corpo. O vasto chão de concreto. Um quadrado no meio da sala guardado por quatro colunas. O rugido dos carros passando do lado de fora. O assalto ocasional de pancadas de chuva na chapa de metal. Este lugar, que costumava ser um antigo supermercado, é o CAMPO em Teresina, Brasil.
Um espaço artístico criado pelo coreógrafo Marcelo Evelin e a produtora Regina Veloso, onde criações em dança, performance e fotografia estão acontecendo. O espaço é cru e não polido e reflete a cidade ao redor, o país ao redor: um lugar onde as vidas vividas são atravessadas por fortes tensões políticas e precariedades urgentes. Com as recentes eleições no Brasil, a atmosfera intensificou-se para uma desesperança política, em face de uma nova liderança que promete nada além de mais instabilidade, mais violência e mais intolerância em relação a minorias e artistas.
Eu não estou lá. Mas posso imaginar os seis corpos naquele grande espaço horizontal. Movendo-se freneticamente, irregularmente, enigmaticamente. Como eles se aproximam e se tocam com certa animalidade, um tipo de agressão afetiva. Um estado de curiosidade quase ingênua. Eu também posso imaginar os sinos pendurados no teto, produzindo uma espécie de atmosfera flutuante como o silêncio barulhento de um santuário ou como o vento passando por uma cabana de madeira. Os sons de algo que não está. E eu vejo os corpos dançando, uma espécie de “desobjetificação”, uma não-presença angelical que passa como um fluido através da carne. Infecção celestial?
Evelin e esses seis performers estão buscando uma (re) invenção do corpo na forma de uma “primalização”? Uma desumanização que leva tanto para longe quanto para perto de uma humanidade? Eles estão se aproximando da presença móvel do corpo, dos corpos, de um lugar desprovido de um interior - que conhece apenas a exterioridade, apenas fazendo, apenas atuando, um lugar onde as escolhas são feitas, mas em uma borda tão fina que elas são quase não escolhas? E isso poderia fazer do corpo uma outra forma de pensamento, uma proposta filosófica? Tal como Foucault cunhou os escritos de Maurice Blanchot de “o pensamento do exterior”? Um lugar próximo do não figurativo, onde o desejo e o pensamento colapsam um no outro no espaço liminar, o qual chamamos corpo?
Eu ainda não estou lá. Mas essas são as perguntas que me faço enquanto Marcelo Evelin me conta sobre o processo de criação de A Invenção da Maldade que acontece no CAMPO durante esses meses. Os seis artistas vêm de diferentes formações artísticas e partes do mundo - da Polônia, Bélgica, Itália e Brasil - representando uma diversidade que se encaixa bem com o conjunto heterogêneo de experimentações que a plataforma Demolition Incorporada representa.
O título do trabalho tem uma história de origem peculiar. Quando Evelin era criança, ele constantemente criava performances. Pequenos shows, dirigindo seus irmãos e amigos. Certa vez, ele acendeu uma panela de óleo em chamas, atrás de uma cortina, para encenar o incêndio de Roma. E, sempre que esse impulso para performar tomava conta dele, sua avó dizia: "Vai começar a invenção da maldade".
Invenção é algo a mais que criação. As invenções nunca surgem do nada, nascem da necessidade, vêm de algo. A roda foi inventada porque as distâncias estavam sendo cruzadas.
Em português existe uma diferença entre mal e maldade. O primeiro diz respeito ao mal no mundo, o mal que é produzido apenas por seres humanos. “O mal é uma simples invenção humana”, como disse Spinoza. A maldade, por outro lado, é algo arcaico, mítico, bíblico. Algo antes ou fora do mundo. A maldade também é algo infantil, uma inocência que não conhece sua própria ferocidade. O momento em que Prometeu rouba o fogo dos deuses. O momento em que Lúcifer trai Deus e uma fenda primordial é rasgada no tecido da existência.
A invenção da maldade soa para mim como um paradoxo, como um momento impossível de destruição e criação, quando um não pode ser distinguido do outro. Como uma escuridão que resiste ao brilho da luz por ter seu brilho próprio.
Evocar a invenção da maldade neste momento no Brasil não pode ajudar a afetar ou ser afetado pela presença da política no sentido do mal. Mas essa evocação não é uma reação a esse mal. É, ao contrário, um ato difuso e feroz de resistência, uma afirmação de algo intangível e inclassificável, que surge como ondas da periferia do aceitável. É um evento talvez melhor descrito como a sensação de acordar durante a noite com um braço drenado de sangue e ter que sacudi-lo violentamente pra trazê-lo novamente à vida: um alvoroço, um tumulto da corporeidade.
Em minha imaginação, A Invenção da Maldade é o momento em que a maldade se pergunta sobre sua própria origem e não ouve resposta, e onde exatamente essa não-resposta, como um ponto escuro e impenetrável, um buraco no mundo, tem a chance de falar. Uma invenção continuamente se desfazendo, simultaneamente não-ainda e não-mais lá.
por Jonas Schnor
Filósofo, escritor e pesquisador na área da performance
Photos
fotos por Mauricio Pokemon
Photos A Invenção da Maldade
Festival Live Arts Week - Bolonha, Itália
13 de abril 2019
fotos por Luca Ghedini
Rituals of Care/ Gropius Bau - Berlin, Alemanha
Janeiro 2020
fotos por Eike Walkenhorst
Christine Greiner sobre A Invenção da Maldade
O espetáculo A Invenção da Maldade, concebido pelo coreógrafo Marcelo Evelin, teve como ponto de partida um projeto inicial, recheado de inquietações, lembranças e leituras. Estruturar uma coreografia, construir imagens e lançar questões não são atividades desconhecidas para este artista experiente e, de fato, fazem parte dos procedimentos de boa parte das criações contemporâneas.
No entanto, desta vez, nem tudo parece ter saído como previsto. Algo surpreendente emergiu do plano gestado para este espetáculo perturbando a todos que participam desta obra-acontecimento. Como se sabe, é isto que diferencia o experimento que ambiciona chegar a um resultado e a experiência que se alimenta de incertezas e pode não alcançar lugar algum, porque, neste caso, o que mais importa é algo que se dá a ver quando o movimento aciona uma possibilidade outra de ali estar. Em A Invenção da Maldade, esta outridade é a coragem e a resistência para enfrentar a diferença.
No espetáculo anterior Dança Doente, inspirado pela obra dançada e escrita do coreógrafo japonês Tatsumi Hijikata, havia referencias externas para orientar os movimentos: filmes, depoimentos, lugares distantes imaginados que ajudavam na empreitada de fabular situações e percursos. Desta vez, não há suportes, apenas a oportunidade de mergulhar nas fragilidades, crises e descaminhos – o que está, curiosamente, mais próximo à Hijikata, com suas imagens tóxicas e tarefas irrealizáveis.
Mais do que um espetáculo, instaura-se uma nova condição. Aquilo que se torna mais relevante deixa de ser a formação técnica dos dançarinos, a estrutura coreográfica, a virtuosidade do músico-artesão que inventa os próprios “instrumentos” e a presença da fogueira simbólica (embora tudo aconteça em torno dela). Não por acaso, as tentativas de construir narrativas e conclusões fracassam sucessivamente e é aí que esta obra-acontecimento encontra a sua maior potência. Não há harmonia, equilíbrio, encaixes ou acordos. A tensão e as zonas de conflito são prementes, mesmo quando se tenta camufla-las. Há um esforço para encontrar uns aos outros. Suor que, por vezes, arrisca se converter em lágrimas e tantas outras secreções expressivas do corpo. Há fronteiras invisíveis que se alimentam das diferentes nacionalidades dos dançarinos, mas não se restringem a elas. Há corpos negros brancos femininos masculinos europeus brasileiros japonês. Mas nada, nem ninguém está em seu devido lugar. Não há apego a procedências ou categorias. Nem as pessoas nem as coisas. Os sinos não são exatamente sinos embora os ventiladores os façam soar como tal, a fogueira não tem fogo, as madeiras não são apenas madeiras, mas instrumentos de percussão. Há pessoas bem cuidadas ao lado de outras cheias de cicatrizes e tudo se mistura à beira da desumanização. Gente bicho sexo abjeto prazer e dor, muita dor.
Aos poucos o público entra em “cena”. Nos ajuntamentos que se concentram e se dispersam todos se perdem e se encontram.
É a mulher negra quem demarca o território. E do começo ao fim, a grande surpresa é perceber que assim despida - e sem nada a esconder - ela empunha o seu galho varinha espada e ao invés de inventar a maldade, faz florescer uma estranha generosidade que testemunha o momento em que deixou de ser apenas pele e superfície, revirando todos pelo avesso.
Christine Greiner
professora livre-docente do Departamento de Linguagens do Corpo da PUC-SP
Entrevista com Marcelo Evelin por Mélanie Drouère para o Festival d'Automne em Paris 2019
Entretien avec Marcelo Evelin
A Invenção da Maldade
Festival d'Automne à Paris 2019
Propos recueillis par Mélanie Drouère
- En portugais, quelle est la différence entre mal - le mal - et maldade ? Et quelle signification attribuez-vous au titre de votre pièce ?
- Maldade correspond à "la méchanceté" en français. A vrai dire, ce mot me semble plus juste qu'en portugais. En tout cas, je l'aime beaucoup en français : il restitue bien ce qu'il contient d'infantile. Car c'est gamin, presque drôle, de dire "méchant". Et c'est enfantin d'être méchant. La méchanceté est bête, diffère du "mal" à proprement parler. Maldade émane quelque chose de mythique, une forme de connexion au Diable, au jeu. D'ailleurs, ce titre me vient de ma grand-mère, que j'adorais et qui m'a beaucoup soutenu dans mon travail, dans mes idées, ma façon de vivre, dès ma tendre enfance, dans un pays qui paraissait peu ouvert au garçon que j'étais, commençant à jouer et à danser dans les années 70. Quand j'étais petit, à chaque fois que je me mettais à faire du théâtre ou à danser - j'avais 5 ans lorsque je commençai à faire de petites mises en scène, tendant des draps, organisant une distribution entre mes cousins et ma soeur -, ma grand-mère s'exclamait en souriant : "Ca y est, c'est l'invention de la méchanceté qui commence !" Depuis lors, "l'invention de la méchanceté" évoque pour moi le caractère subversif de mon parcours de chorégraphe. Ma grand-mère sentait bien qu'il y avait là un nouveau regard, un pas vers une autre réalité ; elle saisissait ce quelque chose qui cassait la normalité de la vie. Sans tout comprendre, elle m'a néanmoins toujours accompagné dans cette direction, à sa façon, piquante et affectueuse.
- Comment traitez-vous de cette "méchanceté" dans la pièce ?
- Mon intention n'étant pas de traiter du "mal", je ne voulais pas que l'accent sur le mal soit trop fort. C'est pour cela qu'il y a beaucoup de jeux d'enfants, lesquels drainent une forme d'innocence. La facette de la cruauté et le caractère archaïque de la méchanceté m'intéressent auant l'un que l'autre, et, peut-être plus encore, ce qui unit les deux, à savoir que c'est une chose fabriquée par l'homme. C'est exclusivement et intrinsèquement humain ; c'est physique, ça appartient à tout le monde ; c'est là, c'est déjà là. On ne le montre pas, bien sûr, dans nos sociétés très civilisées qui cachent tout. C'est quelque chose d'une grande simplicité, et ceci, je l'emprunte à Spinoza, qui dit que le mal, au sens de "méchanceté", est une chose toute simple, banale. C'est ce caractère ordinaire, quotidien, ce côté sombre que tout le monde partage, que je veux faire émerger dans cette pièce.
- Le mot invention a également une grande existence dans le titre et dans le spectacle...
- Oui, c'est un mot très important pour moi car il revêt un rapport direct avec la danse, avec notre corps qui se réinvente chaque jour, se renouvelle face à toute situation. Selon moi, l'invention entretient une relation tant avec la vie qu'avec l'art. La chorégraphie et le spectacle proposent un passage vers d'autres dimensions, d'autres agencements, d'autres modes de vie. Le mot invention est essentiel dans cette pièce car il véhicule un mouvement très puissant.
- Et invention n'est pas création, l'invention se fait toujours à partir de quelque chose : quel est votre "point de départ" ?
- Tout à fait, et ce distinguo m'intéresse beaucoup ; c'est d'ailleurs l'une des lignes directrices du jeune philosophe Jonas Schnor avec qui j'ai travaillé, qui mène son doctorat autour de la notion de "performativité". Un bel échange a eu lieu : j'ai utilisé la philosophie pour la danse tandis que lui était très intéressé par mes idées dans la façon de "mener la danse" pour sa thèse de philosophie à Londres. Il est venu au Brésil un mois complet, pendant lequel nous avons énormément discuté et il revient régulièrement pour nos va-et-vient entre philosophie et danse, lors desquels nous parlons des questions spécifiques à sa recherche sur la danse. Il est toujours le bienvenu, avec son très juste regard sur les choses et son talent pour mettre des mots dessus.
- Pourquoi avez-vous choisi six interprètes portant des héritages culturels de danse très divers, trois Brésiliens et trois Européens de différentes origines ? Et comment avez-vous travaillé avec eux ?
- Les trois Brésiliens jouaient déjà dans Dança Doente, spectacle présenté au Festival d'Automne à Paris de 2017 et j'ai par ailleurs choisi trois étudiants de l'école de mime à Amsterdam, qui fait partie de ma vie car j'y donne des cours depuis vingt ans : un Belge flamand, un Italien et une Polonaise. Ils apportent quelque chose qui est proche de la danse, mais qui n'est ni véritablement de la danse, ni du théâtre, ni de la pantomime. C'est une façon physique, très physique même, d'exister dans l'espace, de dégager un endroit imaginaire très spécifique au mime, de provoquer des images qu'ils transmettent par leurs corps. C'est pour cette singularité que je les ai choisis. Associés à mes performers qui viennent d'une recherche assez profonde, notamment avec Dança Doente, leurs différentes façons de bouger, de réagir, créent une richesse indescriptible, or la diversité des corps et des manières d'être au monde, l'altérité, restent au centre de mon travail. Que peut-on encore faire avec l'autre ? Quelles possibilités les frictions entre les différences ouvrent-elles ? Essayer de mettre tous les interprètes au même niveau, d'atteindre une forme d'harmonisation m'intéresse bien moins que la perspective de mettre la différence à l'honneur. Cette pièce en est un vrai témoignage et ce mélange, en ce sens, me satisfait beaucoup.
- Dans cette pièce, vous proposez une forme d'immersion du public, mais sans aucun caractère participatif ?
- J'ai choisi de mettre le public sur le même plan géographique que les danseurs, sans pour autant le faire participer, en effet. Je n'utilise jamais de procédés "participatifs", qui me semblent souvent un peu agressifs. Tout le monde est là dans un même espace, tout se joue horizontalement, sans aucune indication pour les spectateurs. Dans le même temps, j'ai opté pour une lumière intense et brillante, dont la douceur contraste avec l'obscurité que je travaille depuis des années. Enfin, il n'y a ni masques ni habits. Tout est vrai, assez agréable, doux, et nu. Les interprètes sont nus comme s'ils venaient de naître, donc sans aucune spectacularisation de la nudité, dans un espace lui-même dépourvu de délimitation. Ces corps sont des présences, de même que ceux des spectateurs, lesquels peuvent circuler, bouger autour d'eux. Il n'y a pas non plus de narration classique, d'enchaînement de scènes. Ainsi, dans le tempo, certaines choses prennent tout le temps de se dérouler, tandis que d'autres défilent à toute vitesse sous nos yeux. Car les corps sont le vrai temps, le vrai monde. Les seuls éléments sur scène, mis à part les corps, sont ces morceaux de bois qui représentent des foyers : cette idée vient de ce que le feu, avec ses 400 000 ans d'existence dans les mains des hommes, en représente l'archaïsme. C'est un symbole universel et ancestral que de se retrouver autour d'un feu, pour se réchauffer, se raconter des histoires, manger ensemble... Dans la civilisation, l'élaboration d'un feu évoque aussi la naissance du langage. Les loups sont devenus chiens en s'approchant du feu, se laissant peu à peu domestiquer. Entre nous, pendant la création, nous appelions même les spectateurs "les loups", comme si nous voulions les faire approcher, les apprivoiser. Je cherche à inviter le public à être là avec nous, autour du feu.
- C'est ainsi que, dans cet objet chorégraphique qui oscille entre spectacle et performance, il y a comme un retour au primal : les corps paraissent presque déshumanisés, sans âme, comme s'il ne restait plus que leur enveloppe, sans subjectivité...
- Oui, nous voulions produire cette évocation, qui est à la fois un paradoxe. Dans la création, dans la recherche, bon nombre d'éléments bibliques ou de la mythologie sont apparus : des figures archaïques, mythiques nous ont traversées, provenant des improvisations, qui sont bel et bien restées là, enfouies quelque part, mais dans un espace imaginaire. Car l'humanité des corps, de l'existence, de l'être humain est ici plus forte que l'humanité liée à une culture, au langage, etc. Ce sont des êtres humains un peu décalés, un peu transformés, qui sont en présence : il n'y a pas de notion d'humanité sociale, politique. Je voulais permettre à quelque chose, qui existe chez nous tous, de prendre sa forme, ici et maintenant. Pendant le processus, nous nous disions souvent que nous voulions suspendre et surprendre la notion de moralité. Débusquer une humanité sans moralité.
- Certaines références philosophiques vous ont-elles guidé dans cette recherche ?
- Il y a du Deleuze, qui me suit toujours dans mon travail mais, pour cette pièce, j'ai commencé à lire un philosophe Palestinien, Adir Ophir, qui a écrit The Order of Evils, un ouvrage très lié au conflit Israëlo-Palestinien, donc finalement assez politique. J'ai aussi été assez inspiré par un texte de Donna Haraway, une américaine qui a écrit sur la domestication et le training des chiens, justement. Biologiquement, les chiens sont très liés aux humains, comme si ce n'étaient pas seulement nous qui avions domestiqué les chiens, mais réciproquement, comme si les chiens nous avaient domestiqués. J'ai aussi lu des ouvrages concernant la magie, comme une forme alternative de compréhension des choses, puisque nous cherchions la potion magique pour créer l'alchimie entre les différents éléments du spectacle. Ainsi la pièce est liée à l'invisibilité des choses, pas seulement au sens d'un autre monde, mais parle tout simplement des gens pas vraiment visibles dans ce monde-ci. Moi, par exemple, je suis un artiste du troisième monde (rires) ! Je me sens dans une sorte d'invisibilité, contrairement aux chorégraphes européens (rires, de nouveau) !
- A propos d'invisibilité au sens plus mystique, du fantôme, il y a une grande différence formelle entre cette nouvelle création, très étincelante, et votre dernière pièce Dança Doente, très spectrale, très noire ?
- Oui, dans la forme, dans la situation scénique, c'est très différent. Néanmoins, chez moi, un travail en génère toujours un autre. Il n'y a pas de coupure nette entre une création et une autre. C'est vrai que Dança Doente nous a plongés dans un endroit très obscur, très profond, un véritable abyme. Quand j'y repense, j'en transpire : c'était une chute dans un trou noir ! Certains éléments de cette chute se retrouvent dans A Invenção da Maldade, notamment dans les corps. Mais alors que j'étais quasi-obsédé par Hijikata, sans pour autant vouloir lui rendre un "hommage", je me suis senti dans cette nouvelle création complètement libre, sans aucune référence... Je suis même ici politiquement presque incorrect.
- Précisément, cette pièce porte-t-elle, même si ce n'est pas là votre propos premier, un acte d'engagement vis-à-vis de la situation politique et sociale qui pèse sur le pays ?
- Alors, oui, bien sûr qu'il y a un rapport. Parce que moi, je suis Brésilien, et le Brésil passe par les moments les plus sombres qu'il ait jamais vécus. En tout cas, de ma vie, ce sont les plus difficiles que j'ai pu avoir à traverser ! J'ai 57 ans, j'ai vécu, grandi dans une dictature, mais là, c'est pire que jamais ! C'est toujours le même désespoir, mais cette fois, ce qui fait peur, c'est qu'il s'agit d'un désespoir presque muet. Pas tout à fait encore un point de résignation, mais des points de suspension : on ne sait pas quoi faire. Il y a de la lutte, de l'indignation, qui trouvent même des formes organisées. Les Brésiliens sont incroyablement créatifs dans la résistance, dans la forme, notamment avec les nouvelles communications, et dans le fond : jusque dans leur humour. Le savoir être ensemble est toujours là, mais la situation est très grave, cette sensation d'impuissance est nouvelle. Une espèce de force pèse sur nous. Nous sommes encore sous le choc des limites qui nous sont imposées, limites non seulement économiques, sociales, politiques, mais aussi de notre pensée. L'emprise sur notre subjectivité, sur notre imagination, notre façon de voir et de penser, est de plus en plus forte. Nous n'avons plus de liberté de penser, or ceci est déterminant pour les générations à venir ! Et il y a aussi une certaine indifférence dans ce gouvernement, qui aplanit, affadit tout. Même sous la dictature, si bon nombre de choses nous étaient interdites, du moins tout ce que nous faisions avait du sens, et en prenait plus encore face à cela. Quoique nous fassions, nous étions convaincus que cela nous apporterait quelque chose... Et c'était vrai. Pour en revenir à la pièce, il est évident que je suis traversé par tout ça. J'ai choisi de la créer dans ma ville avant même que nous ayons ce Président, mais c'était un vrai choix, et j'en suis d'autant plus satisfait dans ce contexte.
- C'est dans cette ville que vous avez créé Campo, un lieu de résidence et de création ?
- Oui, il y a trois ans, nous avons créé ce lieu avec ma productrice en le pensant d'emblée comme un lieu de résidence et d'accueil des habitants, de rencontres ; l'idée de laisser entrer la vie dans les créations m'intéresse toujours. Comment faire de l'art en toute convivialité ? Donc nous avons construit quatre petits appartements, car pour nous, résidence veut aussi dire pouvoir habiter sur place, dans lesquels nous pouvons accueillir dix personnes. Donc nous sommes toute la journée ensemble, tout en travaillant sur différents projets. Et ça, c'est génial ! Parfois, le soir, nous nous retrouvons après nos répétitions et nous discutons ; tout le monde fait partie de la maison, va voir le travail des autres, et en parle librement, c'est évidemment un enrichissement de tous les travaux ! C'est vraiment très fort. Parfois, nous discutons le matin et repoussons l'horaire de la répétition, ou au contraire, au lieu de faire la pause conventionnelle, si la répétition fonctionne bien, nous ne nous arrêtons pas. En tout cas, c'est très riche et j'avoue que c'est au-delà de ce que j'espérais en provoquant ces échanges.
***
Parenthèse déambulation magnifique, mais difficile à reformuler d'une manière ou d'une autre : visite par Skype.
- Tu veux que je te montre un peu l'endroit ici ? - Evidemment ! (Le lieu est magique) - Tu vois, là, ce sont les chambres, là le jardin où nous nous retrouvons, là-bas les petits balcons de chacun pour réfléchir dans son coin, et nous avons deux grands studios : voici celui qui est plutôt investi par les artistes visuels, - salut, bon dia ! (Des artistes circulent...) - Oh, on dirait La Ménagerie de verre ! - Ha oui ! J'ai été là-bas, tu sais que c'est là que j'ai travaillé les première fois à Paris, j'adore cet endroit ! Et voici mon studio d'expression corporelle, comme tu peux voir, c'est très précaire...
***
- Le fait de créer la pièce dans ce lieu a-t-il en partie inspiré la non-frontalité et l'intimité avec le public, son "englobement" ?
- Tout-à-fait : je voulais toucher une espèce de précarité, parce qu'au Brésil, on n'a rien, et en témoigner, sans misérabilisme, simplement dans le partage d'une forme, me paraissait nécessaire. Et rien de tel pour ce faire que de travailler dedans. Ici, au Brésil, on travaille par terre ! Je voulais transmettre cette chose simple, que je connais si bien, que je promène partout avec moi. Pour montrer aux gens que le monde n'est pas si Galeries Lafayette que l'on croit !
- L'engagement politique est déjà là, en fait, dans cette création de lieu, d'ailleurs de nombreux artistes travaillent dans des lieux un peu underground, bruts, au Brésil : Lia Rodrigues, Bruno Beltrao, Enrique Diaz, Cristina Moura, etc. ?
- Oui, et c'est là que je voulais en venir. Le titre de cette pièce n'évoque pas la situation au Brésil, mais il va de soi que ça me traverse ! L'intention n'était pas de faire une pièce directement liée à cette difficulté, mais cela me fait me mouvoir à d'autres endroits, comme avec "Campo". Et j'ai l'impression que ça va résonner partout, cette rage, cette précarité, autant que cette douceur, un peu de silence, cette tranquillité que nous avons à être là.
- Vos pièces sont en général assez sombres, ici il y a une teinte d'humour.
- Oui, en effet, c'est assez rare ; j'ai ici senti et laissé venir une dose de comédie, de légèreté, dans le clin d'oeil à la situation du monde, si absurde que ça en devient presque drôle.
- Quel a été le moteur de votre création sonore, ce plafond de cloches notamment ?
Nous avons imaginé cette centaine de cloches avec l'artiste sonore japonais Sho Takiguchi, qui a aussi travaillé avec nous pour Dança Doente. Au début, nous avons commencé à parler de cloches en bois, en céramique, en métal, et il s'est mis à en construire ; nous avons pensé à un grand nombre de cloches suspendues, dans l'esprit d'un véritable concert, mais un peu spécial. Cela devient aussi un paysage sonore, sans cesse mouvant, toujours présent, mais sans pour autant écraser ce qui se passe. Il y a un rapport voluptueux et subtil avec le vent, les masses d'air que dégagent les corps sur scène, mouvements à peine perceptibles dans l'espace qui se matérialisent avec le son des cloches. Je craignais que cette installation provoque des connotations trop religieuses, mais je crois que ce n'est pas le cas. C'est même plutôt profane, au sens où cela mélange le Brésil et le Japon, mêle celui qui "dirige" les cloches au mouvement des danseurs, et même du public quand il bouge. Enfin, cela s'articule une idée très importante pour moi, que j'appelle "rythme visuel", c'est-à-dire la pulsation rythmique qu'il y a dans ce qu'on voit. Et il y a même une compréhension rythmique de ce que l'on voit. Le rythme est ce qui précède le langage. En entremêlant ce travail sur le rythme et la recherche sur le son des cloches, mon intention était d'appeler à une grande écoute.
- Et ainsi d'inviter ainsi à toucher cette méchanceté dans son innocence, qui ne connaît pas la férocité, comme le dit Jonas Schnor ?
- Oui, nous invitons à entrer dans un paysage comme peuplé d'enfants qui ne savent pas qu'ils peuvent vraiment casser quelque chose, ou qu'ils mordent le sein de leur mère. Ce n'est pas pour autant une apologie du mal, mais un constat de ce mal qui est dans notre corps et autour de nous. Je mets en suspens la morale et le politiquement correct, qui me fatigue de plus en plus, tout en le faisant avec une certaine douceur, une sensibilité et aucune agressivité.
>>>>> couper ou synthétiser avec question 9
- Avez-vous une idée de votre prochain projet ?
- Non, je crée mes spectacles les uns après les autres. Chacun d'entre eux me demande trop d'engagement au présent pour me laisser le temps de penser au futur. Mais chaque projet en engendrant un autre, je peux dire qu'en ce moment, tout mon esprit et ma vitalité sont accaparés par cette question, laquelle inclut A Invenção da Maldade : comment créer, plutôt qu'une pièce, un objet chorégraphique ? Une chose que le public pourrait presque toucher, sans lui demander de "participer", lui dicter ceci ou cela, mais plutôt qui le laisse interagir, presque à son insu, avec ce qui se produit devant lui ? Un objet d'art, mais vivant, qui puisse produire la même chose que quand tu regardes une peinture et que tu es bouleversé et te mets à penser, à bouger. J'étais au Prado à Madrid il y a quelques semaines et, devant la Vénus de Velasquez, moi quand je vois ça, je n'arrête pas de bouger (rires) ! Bref, en juillet, je fais une mini-performance chorégraphique, un objet justement, avec un ami italien, dans une exposition à Sao Paulo. L'an prochain, je ferai peut-être un duo avec Latifa Ladji , qui est de la même génération que moi mais a un univers complètement différent. Elle me l'a proposé et ce que peut provoquer l'étrangeté de nos travaux m'intéresse beaucoup. Malgré tout, je ne parviens pas encore à y penser. Non que je sois préoccupé par la réception de ma pièce, c'est plutôt que je suis traversé par des idées, par des mouvements, par des images, totalement liés à la création. Car, à chaque fois, pour moi, créer une pièce, c'est créer un monde !
Ajouter quelque part l'idée de : Peu de mouvements d'ensemble, plutôt des solitudes juxtaposées.
Crítica sobre A Invenção da Maldade por Carmen Lorenzetti
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Marcelo Evelin, coreografo e ricercatore brasiliano, a Bologna è stato un evento che ha turbato, coinvolto, irritato le persone che hanno partecipato alla serata clou del Festival Live Arts Week VIII. E quindi ha colpito nel segno della sonnecchiante città emiliana. Prima della performance è venuto a trovarci in Accademia e ci ha raccontato la sua storia elettrizzando gli studenti. Ha iniziato dalla povertà e dall’arretratezza di Teresina, la città dove è nato e dove è stato chiamato nel 2006, dopo molti anni passati in Europa, a dirigere un teatro, laddove ha creato una piattaforma di lavoro sperimentale con diversi artisti. Dopo tre anni il governo non ha più voluto che continuasse a leggere Deleuze con la gente dei quartieri marginali, doveva fare danze folcloriche. Ora continua autonomamente e autofinanziato a Teresina con il suo gruppo Demolition Incorporada, fondato a New York nel 1995. E fa con rigore e pervicacia ciò che il nome stesso (un ibrido tra l’inglese e il portoghese) indica: una costante demolizione dell’edificio-costruzione di un sistema dominante, prestabilito e fortemente gerarchico di norme e relazioni utilizzando come dispositivo il CORPO, nella sua complessa sensibilità, fatta di emozioni, pensieri, fragilità, paure, poteri, sesso. Per questo decentra il punto di vista e privilegia le minoranze attraverso una meravigliosa disposizione all’ascolto: le donne e il pensiero della negritudine, con una serie di riferimenti teorici che, partendo dal capofila del movimento terzomondista e postcoloniale Frantz Fanon, culminano nel pensiero di Achille Mbembe e forniscono una possibilità nuova di strutturazione della produzione e della drammaturgia della coreografia. Il corpo quindi come dispositivo, seguendo Agamben, è visto nel suo coacervo indissolubile di materia pensante e senziente, con una centralità della sensibilità direbbe Mbembe, che recupera il suo strato profondo e sovvertitore, il potere dell’erotismo nel senso di Georges Bataille. Lo spazio della scena è sovvertito, vi è una fusione e processualità di azioni e corpi che si mescolano con gli spettatori, li sfiorano, li turbano, li provocano, almeno a partire da Matadouro del 2010 (ultimo spettacolo della trilogia tratta dall’analisi degli scritti di Euclides da Cunha sulla guerra civile brasiliana).
La drammaturgia della mescolanza e dell’indistinto perturbante si approfondisce con il successivo De repente tudo fica preto de gente (2012), basato sul testo Crowds and Power di Elias Canetti. La partecipazione diventa corale con la presenza di 50 performer, professionali e non, europei e africani, provenienti da 14 paesi diversi in Batucada (2014), che creano un flusso ibrido e gioioso che si innesta nella folla degli astanti, con un riferimento preciso alle barche dei migranti e alla necessità di una rinegoziazione delle relazioni socio-culturali dei popoli. Infine Dança Doente (2017) fa riferimento al corpo fragile, dolente, malato, concettualizzato dal fondatore del Butö Tatsumi Hijikata, che Evelin ha studiato per anni in Giappone, ripercorrendone il pensiero e imbevendo se stesso della biografia di Tatsumi fino all’immedesimazione. E’ un corpo sovvertitore che esalta la diversità e la debolezza in opposizione al corpo performante e perfetto dell’immagine egemonica odierna, è un corpo nudo, senza la difesa della maschera identitaria dell’abito. E’ un corpo che trasgredisce all’uniformità contemporanea nella sua alterità, primitività, materialità, desiderio e quindi rappresenta il "male”, che è la sorgiva necessità della libertà e liberazione del corpo, della creatività assoluta. Tutto questo è stato The Invention of Evilness/A Invençao da Maldade che abbiamo visto in prima italiana a Live Arts Week VIII pochi giorni fa. Ci siamo trovati immersi nell’ampio spazio oscuro e spoglio del sotterraneo Cinema Modernissimo, accarezzati dai suoni lievi di un vento evocatore di spiriti, sollecitati da un’atmosfera sempre più coinvolgente, nell’essenzialità della sua struttura drammaturgica: pochi falò di ancestrale memoria, 7 corpi nudi, musica incalzante. Nelle parole di Evelin "è un pezzo violento e di forte necessità. Più che vedere si tratta di un’esperienza”. Cosa è stato e cosa è raccogliersi attorno ad un fuoco, la storia dell’addomesticamento dell’uomo, la necessità di una presa di coscienza e di una resistenza, attraverso visioni altre che si mescolano nella loro ricchezza e nelle fonti più disparate, fino al candomblé brasiliano, una sapienza antica, un approccio diverso al mondo.
Carmen Lorenzetti
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