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Nenhuma Novidade a esse Respeito

É uma instalação coreográfica que se faz no encontro da obra do poeta Torquato neto, com o mito lendário do cabeça-de-cuia, ícone identitário da cidade de Teresina, terra natal do poeta.


Torquato neto foi um dos mais influentes artistas do movimento tropicalista brasileiro, escreveu poemas, crônicas e letras de musicas sob o impacto da ditadura militar no Brasil dos anos 70. Ao completar 28 anos de idade se trancou no banheiro e ligou o gás, tirando a própria vida. Deixou uma carta que dizia “paro por aqui, pra mim chega”.


O cabeça de cuia é uma figura-chave do folclore popular de Teresina. Um pescador que se transforma em monstro, depois de ter sido amaldiçoado pela mãe, por ele a ter golpeado com um osso de boi. Vive submerso nas águas do rio Parnaíba e só aparece na superfície em noites de lua cheia, quando se vê uma grande cuia emergir das aguas para assombrar os habitantes da beira do rio.


A instalação traz a tona três corpos em situação limite, destituindo o mito e a maldição, entre o desejo de vida e o pacto com a morte. submersos como em um estado de tortura, afogados por um poder que os massacra, asfixiados sob uma restrição que os desumaniza, essas figuras frágeis e solitárias - poeta e monstro – são o próprio emblema do mal que perdura na carne, e que anuncia tempos sombrios em um Brasil que retrocede e pede a volta da ditadura militar.


Nenhuma Novidade a esse Respeito aconteceu na terceira edição do projeto In-Drama na Casa França-Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, em dezembro de 2014.


Concepção e Coreografia Marcelo Evelin Com Jacob Alves, Adolfo Severo, Alexandre Santos

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